Surto de Difteria entre Migrantes na Europa acende alerta para saúde pública
Pesquisa detalha 363 casos de infecção por Corynebacterium diphtheriae portadores do gene toxina, predominantemente em migrantes jovens, e destaca a necessidade urgente de vacinação e controle epidemiológico

Um aumento preocupante nos casos de infecção por Corynebacterium diphtheriae — bactéria causadora da difteria — foi registrado em centros de acolhimento para migrantes em diversos países europeus desde o verão de 2022, configurando o maior surto da doença na Europa Ocidental em 70 anos. A maioria dos casos apresentou sintomas cutâneos, considerados menos graves, mas houve também casos respiratórios, incluindo uma morte confirmada.
Um estudo detalhado, publicado no New England Journal of Medicine, analisou 363 isolados da bactéria portadores do gene que codifica a toxina diftérica em 362 pacientes de 10 países, como Alemanha, Áustria, Reino Unido e Suíça. A população afetada tinha idade mediana de 18 anos, era predominantemente masculina (98,1%) e com histórico recente de migração, principalmente da Síria e do Afeganistão, seguindo rotas migratórias pelos Balcãs Ocidentais.
A maioria dos pacientes (77,5%) apresentou formas cutâneas da doença, enquanto 15,3% tiveram difteria respiratória, que pode ser fatal. O estudo identificou três principais tipos genéticos da bactéria em circulação, o que indica múltiplos focos de infecção e transmissão sustentada em vários países europeus.
A análise genômica também revelou que, embora a maioria dos isolados seja sensível à penicilina, houve detecção de resistência emergente à eritromicina em alguns grupos, representando um desafio para o tratamento clínico. Pacientes com formas respiratórias graves receberam antitoxina diftérica, essencial para evitar complicações fatais.
Segundo os pesquisadores, fatores como superlotação nos centros de acolhimento, condições precárias de higiene e baixa cobertura vacinal nos países de origem contribuíram para a rápida disseminação da doença entre migrantes. A cooperação internacional para a coleta de dados clínicos e genéticos foi fundamental para a rápida identificação e resposta ao surto.
Especialistas reforçam a necessidade urgente de medidas de vacinação, monitoramento epidemiológico e melhorias nas condições sanitárias para conter a propagação da difteria e proteger populações vulneráveis em movimento.
Referências
- Wagner et al., "Multicountry Outbreak of Toxigenic Corynebacterium diphtheriae in Europe, 2022," New England Journal of Medicine, 2025.

Escrito por Med.IQ
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