SGLT2i reduz risco cardiovascular total em pacientes com diabetes tipo 2, especialmente em mulheres e grupos de alto risco
Estudo reforça benefícios dos inibidores de SGLT2 na redução de eventos cardiovasculares totais, com impacto mais significativo em pacientes com doença cardiovascular prévia, complicações diabéticas e DRC
Estudo de coorte retrospectivo realizado em Taiwan entre 2016 e 2021 comparou o risco de eventos cardiovasculares totais entre pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) em uso de inibidores de SGLT2 (SGLT2i) versus inibidores da DPP4 (DPP4i), utilizando dados do sistema de prontuário eletrônico do hospital universitário de maior referência no sul do país. O trabalho incluiu 1.632 pares pareados por escore de propensão, com seguimento médio de 4,8 anos.
Contextualização e achados principais:
- A análise primária demonstrou que o uso de SGLT2i foi associado a uma redução significativa de 18% no risco total de eventos cardiovasculares (HR 0,82; IC95% 0,69–0,98), embora sem redução significativa no risco do primeiro evento isoladamente (HR 0,90; IC95% 0,77–1,05).
- A maior redução foi observada em pacientes com maior risco basal:
- Taxa de redução de 30% em pacientes com TFG <60 mL/min/1,73m² (HR 0,70),
- 30% em pacientes com complicações diabéticas (HR 0,70),
- 28% em pacientes com histórico prévio de doença cardiovascular (HR 0,72).
- Benefício mais pronunciado foi identificado em mulheres com alto risco cardiovascular, com HRs tão baixos quanto 0,43 em mulheres com DRC, contrastando com HR de 0,84 em homens com a mesma condição.
- Os desfechos individuais com maior benefício foram:
- Infarto do miocárdio (HR 0,57; IC95% 0,34–0,95),
- Insuficiência cardíaca (HR 0,65; IC95% 0,49–0,86).
Pontos fortes:
- Uso de modelo estatístico robusto (modelo de frailty compartilhado) para incorporar eventos recorrentes.
- Comparação com grupo controle ativo (DPP4i), comum na prática clínica.
- Relevância prática por refletir dados do "mundo real", com potencial de extrapolação para populações diversas com DM2.
Crítica e limitações:
- A natureza observacional do estudo limita inferências causais, embora o pareamento por escore de propensão mitigue parte dos vieses.
- A ausência de dados de mortalidade e de complicações como retinopatia limita a compreensão completa do impacto clínico dos SGLT2i.
- A subutilização dos SGLT2i, mesmo em grupos de alto risco, chama atenção e reforça uma lacuna importante na prática clínica que deve ser abordada por políticas de saúde.
Conclusão:
O estudo corrobora o papel central dos SGLT2i na redução da carga cardiovascular total em pacientes com DM2, sobretudo naqueles com maior risco basal. Os dados favorecem a priorização dessa classe terapêutica frente aos DPP4i na prática clínica, em alinhamento com diretrizes internacionais. Destaca-se ainda a necessidade de estratégias para ampliar o uso dos SGLT2i, particularmente em populações vulneráveis, como mulheres com doença renal crônica e histórico de eventos cardiovasculares.
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Referências
- Su HY, Yang CY, Lee YH, et al. Cardiovascular Risks With SGLT2 Inhibitors in Clinical Practice Among Patients With Type 2 Diabetes. JAMA Netw Open. 2024;7(10):e2441765. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.41765.
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Escrito por Med.IQ
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