
Resultados de sobrevida livre de WBRTi e sobrevida global são semelhantes entre as sequências SPACE e MPRAGE, com impacto de fatores prognósticos, como imunoterapia, na sobrevida dos pacientes com metástases cerebrais
A radiocirurgia estereotáxica (SRS) é uma técnica consolidada no tratamento de metástases cerebrais (BM), permitindo a administração precisa de radiação a lesões individuais, preservando o tecido cerebral adjacente. Com os avanços na imagem por ressonância magnética (MRI), novas sequências têm sido estudadas para otimizar a detecção e tratamento das BM. O estudo CYBER-SPACE investigou se a escolha da sequência MRI influenciaria os desfechos de pacientes submetidos à SRS para múltiplas BM.
O estudo CYBER-SPACE foi um ensaio clínico randomizado conduzido entre janeiro de 2018 e junho de 2020, envolvendo 202 pacientes com BM submetidos à SRS com imagens obtidas por duas diferentes sequências MRI: SPACE (n = 99) e MPRAGE (n = 103). Após a randomização, 10 pacientes foram excluídos por inelegibilidade, resultando em 93 pacientes no grupo SPACE e 99 no grupo MPRAGE. As características basais foram equilibradas entre os grupos, incluindo idade média de 62,5 anos e histologia predominante de câncer de pulmão de não pequenas células (63%). Os pacientes foram acompanhados por um médio de 23,2 meses e os desfechos avaliados incluíram sobrevida livre de radioterapia cerebral total (WBRTi), sobrevida global (OS) e segurança.
Aos 12 meses, a sobrevida livre de WBRTi foi de 77,1% na coorte geral, com 78,5% no grupo SPACE e 76,0% no grupo MPRAGE. Aos 24 meses, esses valores foram 72,2%, 73,5% e 71,0%, respectivamente, sem diferença significativa entre os grupos (HR 0,84; P = 0,590). O uso de WBRTi foi necessário em 40 pacientes, sendo a causa principal a presença de mais de 10 novas BM (65%). O tratamento de resgate incluiu WBRT (67,5%), terapias sistêmicas (7,5%) e cuidado paliativo (15,0%). A taxa real de WBRTi aos 24 meses foi de 84,9%.
A sobrevida global mediana foi de 13,1 meses na coorte geral, sem diferença entre os grupos SPACE (10,5 meses) e MPRAGE (15,2 meses) (HR 1,10; P = 0,585). O status de Karnofsky >80% (HR 0,51; P = 0,002) e o uso concomitante de imunoterapia (HR 0,34; P < 0,001) ou terapia-alvo (HR 0,51; P = 0,002) foram fatores prognósticos de melhor sobrevida, enquanto o número inicial de BM não impactou significativamente a OS. Pacientes em imunoterapia tiveram sobrevida mediana de 18,1 meses versus 9,0 meses sem este tratamento.
Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram semelhantes entre os grupos, com 108 ocorrências no grupo SPACE e 148 no grupo MPRAGE. Eventos grau 3 incluíram radionecrose (4,6%), crises convulsivas (3,6%) e déficits neurológicos focais (3,6%). Houve um caso de status epiléptico no grupo MPRAGE e um óbito relacionado a complicação cirúrgica após ressecção de radionecrose. A exposição à imunoterapia ou terapia-alvo não aumentou a incidência de eventos adversos.
O estudo CYBER-SPACE demonstrou que a escolha da sequência MRI utilizada na SRS para BM não impacta significativamente a sobrevida livre de WBRTi ou a sobrevida global. No entanto, fatores como status funcional e uso de imunoterapia ou terapia-alvo foram determinantes para a sobrevida dos pacientes. Esses dados reforçam a segurança da SRS e a importância de abordagens personalizadas no manejo das BM.
Referências:
El Shafie, RA. et. al. Stereotactic radiosurgery for 1-10 brain metastases to avoid whole-brain radiotherapy: Results of the CYBER-SPACE randomized phase 2 trial. Neuro Oncol. 2025 Feb 10;27(2):479-491. doi: 10.1093/neuonc/noae201. PMID: 39340439; PMCID: PMC11812257.
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Escrito por Oncologia Brasil
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