Imunização contra herpes-zóster: avanços na proteção de grupos de risco

O herpes-zóster (HZ) é uma condição decorrente da reativação do vírus varicela-zóster em indivíduos previamente expostos, sendo mais comum a partir dos 50 anos, quando se intensifica o processo de imunossenescência. Sua incidência é particularmente elevada em idosos e pacientes imunocomprometidos, que apresentam risco aumentado para formas graves da doença e para o desenvolvimento de neuralgia pós-herpética (NPH).

Além da dor aguda — frequentemente intensa e de difícil manejo —, a NPH caracteriza-se por um quadro de dor neuropática persistente, muitas vezes refratária ao tratamento convencional. Essa complicação acomete cerca de 10% a 20% dos pacientes, impactando significativamente a qualidade de vida, com repercussões sobre o sono, a mobilidade e a saúde mental. Estudos demonstram ainda associação entre o HZ e restrições funcionais, isolamento social, sintomas depressivos e aumento no uso de opioides.

No contexto brasileiro, observa-se uma elevação progressiva da incidência com a idade, alcançando cerca de 10 casos por mil pessoas-ano após os 80 anos. Estima-se que até 30% da população vivenciará ao menos um episódio de HZ ao longo da vida.

A vacina recombinante adjuvada — composta pela glicoproteína E e pelo adjuvante AS01B — demonstrou eficácia superior a 90% na prevenção tanto do HZ quanto da NPH, inclusive em pacientes imunocomprometidos.

Em 2023, a CONITEC avaliou a tecnologia priorizando sua recomendação para grupos de risco, como pacientes oncológicos, transplantados, pessoas vivendo com HIV e usuários de imunossupressores, destacando uma boa relação custo-efetividade nas modelagens aplicadas ao sistema de saúde brasileiro.

A consulta pública, encerrada em julho de 2023, recebeu contribuições majoritariamente favoráveis. Embora a decisão final ainda esteja pendente de publicação, há grande expectativa de incorporação futura, ao menos para os grupos prioritários.

A inclusão da vacina recombinante contra o herpes-zóster nas estratégias de prevenção para idosos e indivíduos imunossuprimidos configura uma intervenção de alto impacto clínico, funcional e econômico, especialmente diante do cenário de envelhecimento populacional e da expressiva carga de morbidade associada às complicações da doença.

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