IAS 2025: Benefícios e desafios do DoxiPrEP para prevenção de infecções bacterianas sexualmente transmissíveis

Sessão do IAS 2025 discute os potenciais e limites da profilaxia antibiótica para ISTs. 

A doxiciclina como profilaxia pós-exposição (DoxiPrEP) tem se consolidado como uma ferramenta promissora na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) bacterianas, como sífilis e clamídia. Em uma sessão bastante concorrida no IAS 2025, especialistas discutiram os benefícios, limitações e os riscos envolvidos na expansão do uso dessa tecnologia em contextos reais. 

Estudos recentes demonstraram eficácia significativa da DoxiPrEP em alguns subgrupos e regiões específicas. No entanto, os resultados foram menos consistentes entre mulheres cisgênero em contextos de poucos recursos, em parte devido a dificuldades na adesão ao esquema de uso. As discussões também chamaram atenção para um problema crescente: o aumento da resistência antimicrobiana, especialmente no caso da gonorreia, cujas cepas vêm se tornando cada vez mais resistentes à tetraciclina — grupo ao qual pertence a doxiciclina. 

Especialistas como Annie Luetkemeyer, Elizabeth Bukusi e Jean-Michel Molina trouxeram perspectivas complementares sobre como avançar com responsabilidade. Estratégias como limitar o número de doses semanais, reforçar o monitoramento microbiológico, adaptar as recomendações a diferentes populações e garantir o acesso a partir das necessidades reais dos usuários foram defendidas como caminhos viáveis. 

Apesar das incertezas, o consenso foi de que a DoxiPrEP pode representar uma nova era na prevenção de ISTs, desde que implementada com cautela, vigilância contínua e políticas públicas sensíveis à equidade e às particularidades de cada grupo populacional.