
Durante o Congresso da European Society of Cardiology (ESC) 2025, foi publicada a atualização das Diretrizes da ESC e da European Atherosclerosis Society (EAS) para o manejo das dislipidemias, revisando pontos-chave da versão de 2019 à luz das evidências mais recentes. O documento mantém como prioridade a redução intensiva de LDL-colesterol para prevenção de eventos cardiovasculares e reforça a necessidade de individualizar metas de acordo com o risco global do paciente.
As mudanças concentram-se em áreas específicas nas quais novas evidências justificaram recomendações complementares ou modificadas. Entre os principais pontos, destaca-se a adoção dos algoritmos SCORE2 e SCORE2-OP para a predição de risco cardiovascular em diferentes faixas etárias, substituindo ferramentas anteriores. No campo das terapias redutoras de LDL-C, foram incorporados dois novos agentes: o ácido bempedoico e o evinacumabe, este último indicado especialmente para pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica.
A atualização também reforça a importância do início precoce de tratamento hipolipemiante durante a hospitalização por síndrome coronariana aguda, além de trazer recomendações sobre o rastreio e manejo da lipoproteína (a), cada vez mais reconhecida como fator causal independente de doença aterosclerótica. Pacientes com hipertrigliceridemia também receberam novas orientações de tratamento medicamentoso, ampliando o espectro de intervenção em risco residual.
Populações especiais ganharam espaço na diretriz. Foram incluídas recomendações para o uso de estatinas na prevenção primária em pessoas vivendo com HIV, grupo que apresenta risco cardiovascular aumentado, e em pacientes com câncer sob risco alto ou muito alto de toxicidade cardiovascular relacionada à quimioterapia. O documento ainda aborda o papel de suplementos alimentares, posicionando-se de forma mais clara sobre sua utilidade e evidência científica disponível.
Em síntese, apesar de as diretrizes não alterarem as metas de tratamento do LDL-C para grupo de risco, refina e expande as recomendações em áreas de grande relevância clínica, incorporando novas terapias, algoritmos de risco e estratégias voltadas a populações específicas. Esse direcionamento representa a centralidade do controle intensivo de lipídios, ao mesmo tempo em que amplia o leque de ferramentas disponíveis para personalizar o manejo do risco cardiovascular.
Referências
- MACH, F. et al. 2025 Focused Update of the 2019 ESC/EAS Guidelines for the management of dyslipidaemias. European Heart Journal, 29 ago. 2025.

Escrito por Med.IQ
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