ESC® 2025 – BETAMI–DANBLOCK: Beta-bloqueadores após infarto?

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30 ago, 2025

Dr. Michael Gibson entrevista Dr. Dan Atar sobre o impacto do estudo BETAMI–DANBLOCK, que mostrou redução significativa de eventos cardiovasculares em pacientes pós-IAM com fração de ejeção ≥40% tratados com beta-bloqueadores.

No ESC® 2025, o Dr. Dan Atar apresentou os resultados do ensaio clínico BETAMI–DANBLOCK, publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine (NEJM). A questão central abordada foi se os beta-bloqueadores, cuja indicação histórica se apoia em estudos da era pré-revascularização, ainda oferecem benefício clínico em pacientes pós-infarto do miocárdio (IAM) com fração de ejeção preservada ou levemente reduzida.

O estudo combinou dois grandes trials conduzidos na Dinamarca e na Noruega, envolvendo 5.574 pacientes com IAM e fração de ejeção ≥40%, randomizados para beta-bloqueadores ou não em até 14 dias após o evento. Após um seguimento mediano de 3,5 anos, o desfecho primário composto — morte por qualquer causa ou eventos cardiovasculares maiores (novo IAM, revascularização não planejada, AVC isquêmico,

insuficiência cardíaca ou arritmias ventriculares malignas) — ocorreu em 14,2% dos pacientes em uso de beta-bloqueadores versus 16,3% no grupo controle (HR 0,85; IC95% 0,75–0,98; p=0,03). O benefício foi especialmente impulsionado pela redução de novos infartos (5,0% vs. 6,7%; HR 0,73; IC95% 0,59–0,92).

Na entrevista, Atar destacou que a prática contemporânea — marcada por revascularização precoce, uso rotineiro de dupla antiagregação e estatinas — havia levado muitos clínicos a questionarem a necessidade de manutenção dos beta-bloqueadores após IAM. Porém, segundo o autor, os achados “reacendem a discussão” e demonstram que, mesmo em um cenário moderno, esses agentes ainda reduzem eventos cardiovasculares relevantes. Ele ressaltou que a análise incluiu também pacientes com fração de ejeção levemente reduzida (40–49%), um subgrupo de especial interesse, embora o estudo não tenha sido dimensionado para conclusões definitivas nesse estrato.

O trial mostrou segurança, sem aumento significativo de eventos adversos graves. Apesar de não ter havido diferença na mortalidade isolada, os resultados consolidam a ideia de que os beta-bloqueadores seguem desempenhando um papel protetor no pós-IAM, mesmo em pacientes sem insuficiência cardíaca estabelecida.

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Referências:

1- Munkhaugen J, Kristensen AMD, Halvorsen S, et al. Beta-blockers after myocardial infarction in patients without heart failure. N Engl J Med. 2025 Aug 30. DOI: 10.1056/NEJMoa2505985.

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