ESC® 2025 – Além dos fatores de risco tradicionais: o peso da inflamação

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30 ago, 2025

Dr. Michael Gibson entrevista Dr. Paul M. Ridker sobre o impacto da inflamação subclínica em mulheres sem fatores de risco cardiovascular tradicionais, SMuRF-less, but inflamed.

No ESC® 2025, Paul Ridker destacou que a tradicional avaliação dos fatores de risco cardiovasculares — hipertensão, dislipidemia, diabetes e tabagismo — não contempla uma parcela relevante da população, especialmente mulheres, que sofrem eventos cardiovasculares mesmo sem apresentar esses elementos. Esses indivíduos são classificados como SMuRF-less. O estudo apresentado, baseado na coorte do Women’s Health Study com 12.530 mulheres inicialmente saudáveis e acompanhadas por 30 anos, demonstrou que a inflamação, medida pelo nível de proteína C-reativa ultrassensível (hsCRP), é um determinante independente de risco cardiovascular nesse grupo.

Os resultados mostraram que mulheres SMuRF-less com hsCRP acima de 3 mg/L tiveram 77% maior risco de doença coronariana, 39% maior risco de acidente vascular cerebral isquêmico e 52% maior risco de eventos cardiovasculares totais, em comparação com aquelas com hsCRP abaixo de 1 mg/L. De forma notável, esses riscos persistiram mesmo após ajustes para índice de massa corporal e taxa de filtração glomerular.

Durante a entrevista, Ridker reforçou que essas pacientes não seriam identificadas pelos algoritmos tradicionais de estratificação de risco, o que evidencia a limitação das atuais diretrizes em prevenção primária. Ele ressaltou ainda que a análise do ensaio JUPITER, que avaliou o uso de rosuvastatina em indivíduos com hsCRP elevado, demonstrou redução de 38% no risco de eventos cardiovasculares maiores nesse perfil de pacientes.

Ridker enfatizou a necessidade de incorporar a inflamação como alvo terapêutico universal, semelhante ao que já se faz para colesterol LDL e pressão arterial. Além disso, destacou a relevância de considerar estratégias precoces de prevenção em mulheres, tradicionalmente subdiagnosticadas e subtratadas, propondo discussões mais amplas sobre o início de terapias como estatinas neste subgrupo.

Em conclusão, a categoria “SMuRF-less but inflamed” representa um conceito emergente na cardiologia preventiva, com implicações diretas para reclassificação de risco e implementação de terapias baseadas na biologia inflamatória, ampliando o alcance da prevenção cardiovascular.

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Referências:

Ridker PM, Figtree GA, Moorthy MV, Mora S, Buring JE. C-reactive protein and cardiovascular risk among women with no standard modifiable risk factors: evaluating the ‘SMuRF-less but inflamed’. Eur Heart J. 2025;00:1–9. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehaf658.

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