Eficácia de uma versus três doses de penicilina benzatina na sífilis precoce

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo Treponema pallidum, que permanece como prioridade de saúde pública devido à sua alta transmissibilidade, potencial para complicações neurológicas e cardiovasculares, risco aumentado de coinfecção pelo HIV e impacto negativo na gestação. Nas últimas décadas, observou-se aumento das taxas da doença, inclusive em sua forma congênita, o que reforça a necessidade de estratégias terapêuticas eficazes e acessíveis.

Desde os anos 1950, a penicilina benzatina é o tratamento de escolha. Embora a recomendação padrão seja uma dose única de 2,4 milhões de unidades para sífilis precoce, persiste controvérsia quanto à necessidade de múltiplas doses em pessoas vivendo com HIV. Além disso, a recorrente escassez global do medicamento levanta preocupações sobre seu uso racional.

O ensaio clínico multicêntrico, randomizado e de não inferioridade, avaliou 249 adultos com sífilis precoce (primária, secundária ou latente recente), dos quais 61% tinham coinfecção pelo HIV. Os participantes receberam uma dose única de penicilina benzatina ou três doses semanais consecutivas, ambas de 2,4 milhões de unidades intramuscular. O desfecho primário foi a resposta sorológica em 6 meses, definida como sororreversão ou queda de pelo menos duas diluições no título do RPR.

Os resultados mostraram que a resposta sorológica ocorreu em 76% dos pacientes no grupo de dose única e em 70% no grupo de três doses, confirmando a não inferioridade da estratégia simplificada. Não houve falhas clínicas ou recidivas em nenhum dos grupos, e os desfechos foram semelhantes independentemente do status de HIV. Eventos adversos foram comuns, principalmente dor no local da injeção, mais frequente entre os que receberam três aplicações.

O estudo conclui que uma dose única de penicilina benzatina é suficiente para o tratamento da sífilis precoce, inclusive em pacientes vivendo com HIV, apresentando eficácia semelhante a três doses e maior conveniência para o paciente, além de reduzir custos, número de consultas e desconforto associado a múltiplas injeções.

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