
🧬 O que você precisa saber
O tratamento de manutenção com durvalumabe após quimiorradioterapia já é considerado o padrão-ouro para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) irressecável em estágio III, graças aos benefícios comprovados em sobrevida demonstrados no estudo PACIFIC.
Mas o custo elevado da imunoterapia ainda é um obstáculo para sua ampla adoção — especialmente em países com recursos limitados.
🔍 O estudo
Publicado na JAMA Network Open, o estudo avaliou a custo-efetividade do durvalumabe em quatro países: Estados Unidos, Brasil, Singapura e Espanha.
Metodologia:
- Modelo de Markov com horizonte de 10 anos
- Dados de sobrevida extraídos de estudos como PACIFIC, KEYNOTE-189 e FLAURA
- Perspectiva dos sistemas públicos de saúde de cada país
Nos quatro países analisados, o estudo mostrou que o durvalumabe não é custo-efetivo considerando os limites de disposição a pagar (WTP) adotados em cada contexto:
- Estados Unidos: o ICER (custo incremental por QALY ganho) foi de US$ 228.788, acima do limite de US$ 150.000, o que torna o tratamento não custo-efetivo nesse cenário.
- Brasil: o ICER foi de US$ 141.146, muito superior ao limite de WTP local, estimado em US$ 22.251. Portanto, o tratamento não foi considerado custo-efetivo no país.
- Singapura: o ICER chegou a US$ 153.461, também acima do WTP local de US$ 55.288, sendo não custo-efetivo.
- Espanha: o ICER foi de US$ 125.193, enquanto o limite aceitável de custo-efetividade era de US$ 107.069, o que igualmente resultou em uma avaliação não favorável.
Já em um cenário alternativo para Singapura, simulando um programa de acesso com desconto no preço do medicamento, o ICER caiu para US$ 45.164, tornando o durvalumabe custo-efetivo em 74,9% das simulações.
🔄 E se houver desconto?
No cenário alternativo simulado para Singapura, com um programa de acesso expandido (com desconto no valor do medicamento), o ICER caiu para US$ 45.164, tornando o durvalumabe custo-efetivo em 74,9% das simulações.
🧮 O que mais impacta o custo-efetividade?
- Utilidade do estado livre de progressão (PFS) — principal fator determinante
- Tempo de tratamento
- Taxa de progressão
- Preço do durvalumabe — surpreendentemente, foi apenas o 4º fator mais sensível
⚖️ Pontos fortes e limitações do estudo
Forças:
- Modelo robusto e realista, com múltiplas linhas de tratamento
- Uso de dados atualizados de 5 anos do PACIFIC
- Comparação entre países com diferentes realidades econômicas
Limitações:
- Exclusão de países de baixa renda, África e Oceania
- Estimativas de utilidade ainda pouco precisas para imunoterapias
- Diferenças no perfil molecular dos tumores podem afetar a generalização
📌 Conclusão
Mesmo com resultados clínicos consistentes, o durvalumabe ainda não é custo-efetivo nos países analisados quando se considera o preço atual de mercado.
Soluções como programas de acesso, acordos de risco compartilhado ou precificação baseada em valor podem ser caminhos viáveis para viabilizar o uso da imunoterapia, especialmente em países como o Brasil, onde o custo-efetividade é um critério decisivo para incorporação no SUS.
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Referências
- Kareff SA, Han S, Haaland B, Jani CJ, Kohli R, Aguiar PN Jr, Huang Y, Soo RA, Rodríguez-Perez Á, García-Foncillas J, Dómine M, de Lima Lopes G. International Cost-Effectiveness Analysis of Durvalumab in Stage III Non-Small Cell Lung Cancer. JAMA Netw Open. 2024 May 1;7(5):e2413938. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2024.13938. PMID: 38814640; PMCID: PMC11140532.

Escrito por Med.IQ
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