Durvalumabe é custo-efetivo no câncer de pulmão estágio III? Análise internacional traz resposta com foco no Brasil

Estudo inédito avalia custo-efetividade do durvalumabe como terapia de manutenção no CPNPC irressecável estágio III em 4 países: EUA, Brasil, Singapura e Espanha.

Med.IQ

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5min

6 jun, 2025


🧬 O que você precisa saber

O tratamento de manutenção com durvalumabe após quimiorradioterapia já é considerado o padrão-ouro para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) irressecável em estágio III, graças aos benefícios comprovados em sobrevida demonstrados no estudo PACIFIC.

Mas o custo elevado da imunoterapia ainda é um obstáculo para sua ampla adoção — especialmente em países com recursos limitados.


🔍 O estudo

Publicado na JAMA Network Open, o estudo avaliou a custo-efetividade do durvalumabe em quatro países: Estados Unidos, Brasil, Singapura e Espanha.


Metodologia:

  • Modelo de Markov com horizonte de 10 anos
  • Dados de sobrevida extraídos de estudos como PACIFIC, KEYNOTE-189 e FLAURA
  • Perspectiva dos sistemas públicos de saúde de cada país

Nos quatro países analisados, o estudo mostrou que o durvalumabe não é custo-efetivo considerando os limites de disposição a pagar (WTP) adotados em cada contexto:

  • Estados Unidos: o ICER (custo incremental por QALY ganho) foi de US$ 228.788, acima do limite de US$ 150.000, o que torna o tratamento não custo-efetivo nesse cenário.
  • Brasil: o ICER foi de US$ 141.146, muito superior ao limite de WTP local, estimado em US$ 22.251. Portanto, o tratamento não foi considerado custo-efetivo no país.
  • Singapura: o ICER chegou a US$ 153.461, também acima do WTP local de US$ 55.288, sendo não custo-efetivo.
  • Espanha: o ICER foi de US$ 125.193, enquanto o limite aceitável de custo-efetividade era de US$ 107.069, o que igualmente resultou em uma avaliação não favorável.

Já em um cenário alternativo para Singapura, simulando um programa de acesso com desconto no preço do medicamento, o ICER caiu para US$ 45.164, tornando o durvalumabe custo-efetivo em 74,9% das simulações.

🔄 E se houver desconto?

No cenário alternativo simulado para Singapura, com um programa de acesso expandido (com desconto no valor do medicamento), o ICER caiu para US$ 45.164, tornando o durvalumabe custo-efetivo em 74,9% das simulações.


🧮 O que mais impacta o custo-efetividade?

  1. Utilidade do estado livre de progressão (PFS) — principal fator determinante
  2. Tempo de tratamento
  3. Taxa de progressão
  4. Preço do durvalumabe — surpreendentemente, foi apenas o 4º fator mais sensível


⚖️ Pontos fortes e limitações do estudo

Forças:

  • Modelo robusto e realista, com múltiplas linhas de tratamento
  • Uso de dados atualizados de 5 anos do PACIFIC
  • Comparação entre países com diferentes realidades econômicas

Limitações:

  • Exclusão de países de baixa renda, África e Oceania
  • Estimativas de utilidade ainda pouco precisas para imunoterapias
  • Diferenças no perfil molecular dos tumores podem afetar a generalização


📌 Conclusão

Mesmo com resultados clínicos consistentes, o durvalumabe ainda não é custo-efetivo nos países analisados quando se considera o preço atual de mercado.

Soluções como programas de acesso, acordos de risco compartilhado ou precificação baseada em valor podem ser caminhos viáveis para viabilizar o uso da imunoterapia, especialmente em países como o Brasil, onde o custo-efetividade é um critério decisivo para incorporação no SUS.

Nota editorial: Este conteúdo foi desenvolvido com o apoio de tecnologias de inteligência artificial para otimização da redação e estruturação da informação. Todo o material foi cuidadosamente revisado, validado e complementado por especialistas humanos antes de sua publicação, garantindo a acurácia científica e a adequação às boas práticas editoriais. 

Farmacoeconomia

Referências

  • Kareff SA, Han S, Haaland B, Jani CJ, Kohli R, Aguiar PN Jr, Huang Y, Soo RA, Rodríguez-Perez Á, García-Foncillas J, Dómine M, de Lima Lopes G. International Cost-Effectiveness Analysis of Durvalumab in Stage III Non-Small Cell Lung Cancer. JAMA Netw Open. 2024 May 1;7(5):e2413938. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2024.13938. PMID: 38814640; PMCID: PMC11140532.
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Escrito por Med.IQ

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