
A Doença Cardiovascular Aterosclerótica (DCVA) permanece como a principal causa de morte no Brasil, em grande parte impulsionada por dislipidemias, obesidade e diabetes. A nova diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) de 2025 reforça a importância do diagnóstico precoce, da estratificação de risco refinada e do tratamento agressivo do colesterol LDL, proporcional ao risco absoluto do paciente.
Na estratificação de risco, a diretriz mantém o escore da SBC, mas acrescenta fatores agravantes como história familiar, doenças inflamatórias crônicas, escore de cálcio coronariano e marcadores laboratoriais (PCR-us, troponina, BNP). Esses elementos permitem reclassificar pacientes em zonas limítrofes, indicando intervenções mais precoces quando necessário. Para facilitar a prática clínica, a diretriz recomenda o uso da nova calculadora oficial de risco cardiovascular da SBC, desenvolvida em parceria com o grupo TribeMD.
As metas terapêuticas têm o LDL-C como alvo primário e o não-HDL-c como coprimário, com níveis progressivamente mais baixos para categorias de risco alto, muito alto e extremo. A mensagem central é clara: quanto mais baixo, melhor, desde que o tratamento seja individualizado e factível no sistema de saúde brasileiro.
No manejo não farmacológico, a diretriz destaca padrões alimentares cardioprotetores, atividade física regular, controle de peso, cessação do tabagismo e uso criterioso de suplementos e alimentos funcionais. Essas medidas são consideradas fundamentais e permanentes, mesmo em pacientes em uso de fármacos.
O tratamento farmacológico é estruturado em camadas:
- Estatinas seguem como base;
- Ezetimiba é recomendada quando não se atingem as metas;
- Inibidores de PCSK9 e novas estratégias de RNA mensageiro são opções para alto e muito alto risco;
- Ácido bempedoico e combinações precoces são valorizados para encurtar o tempo até a meta;
- Para hipertrigliceridemia, terapias como fibratos e ômega-3 são reservadas a casos específicos.
A diretriz também aborda intolerância às estatinas, reforçando a importância de diferenciar efeitos adversos reais do efeito nocebo, propor reintroduções graduais, trocas de moléculas e uso de combinações não estatina quando necessário.
Entre as populações especiais, há recomendações específicas para pacientes com diabetes, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, HIV, gestantes, idosos e crianças, bem como em cenários como síndromes coronárias agudas e hipercolesterolemia familiar.
Em síntese, a Diretriz SBC 2025 consolida um modelo de prevenção e tratamento centrado no risco, metas ambiciosas de LDL-C, uso crescente de combinações terapêuticas e atenção a grupos especiais. O impacto esperado é a redução consistente de eventos cardiovasculares, hospitalizações e mortalidade no Brasil.
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Referências
- Rached FH, Miname MH, Rocha VZ, Zimerman A, Cesena FHY, Sposito AC, et al. Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2025. Arq Bras Cardiol. 2025;122(9):e20250640. doi:10.36660/abc.20250640.

Escrito por Med.IQ
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