Diretriz SBC 2025: estratificação de risco e tratamento das dislipidemias no Brasil

Principais recomendações para estratificação de risco, metas de LDL-C e manejo terapêutico.

Med.IQ

Med.IQ

3min

23 set, 2025

A Doença Cardiovascular Aterosclerótica (DCVA) permanece como a principal causa de morte no Brasil, em grande parte impulsionada por dislipidemias, obesidade e diabetes. A nova diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) de 2025 reforça a importância do diagnóstico precoce, da estratificação de risco refinada e do tratamento agressivo do colesterol LDL, proporcional ao risco absoluto do paciente.

Na estratificação de risco, a diretriz mantém o escore da SBC, mas acrescenta fatores agravantes como história familiar, doenças inflamatórias crônicas, escore de cálcio coronariano e marcadores laboratoriais (PCR-us, troponina, BNP). Esses elementos permitem reclassificar pacientes em zonas limítrofes, indicando intervenções mais precoces quando necessário. Para facilitar a prática clínica, a diretriz recomenda o uso da nova calculadora oficial de risco cardiovascular da SBC, desenvolvida em parceria com o grupo TribeMD.

As metas terapêuticas têm o LDL-C como alvo primário e o não-HDL-c como coprimário, com níveis progressivamente mais baixos para categorias de risco alto, muito alto e extremo. A mensagem central é clara: quanto mais baixo, melhor, desde que o tratamento seja individualizado e factível no sistema de saúde brasileiro.

No manejo não farmacológico, a diretriz destaca padrões alimentares cardioprotetores, atividade física regular, controle de peso, cessação do tabagismo e uso criterioso de suplementos e alimentos funcionais. Essas medidas são consideradas fundamentais e permanentes, mesmo em pacientes em uso de fármacos.

O tratamento farmacológico é estruturado em camadas:

  • Estatinas seguem como base;
  • Ezetimiba é recomendada quando não se atingem as metas;
  • Inibidores de PCSK9 e novas estratégias de RNA mensageiro são opções para alto e muito alto risco;
  • Ácido bempedoico e combinações precoces são valorizados para encurtar o tempo até a meta;
  • Para hipertrigliceridemia, terapias como fibratos e ômega-3 são reservadas a casos específicos.

A diretriz também aborda intolerância às estatinas, reforçando a importância de diferenciar efeitos adversos reais do efeito nocebo, propor reintroduções graduais, trocas de moléculas e uso de combinações não estatina quando necessário.

Entre as populações especiais, há recomendações específicas para pacientes com diabetes, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, HIV, gestantes, idosos e crianças, bem como em cenários como síndromes coronárias agudas e hipercolesterolemia familiar.

Em síntese, a Diretriz SBC 2025 consolida um modelo de prevenção e tratamento centrado no risco, metas ambiciosas de LDL-C, uso crescente de combinações terapêuticas e atenção a grupos especiais. O impacto esperado é a redução consistente de eventos cardiovasculares, hospitalizações e mortalidade no Brasil.

Participe da nossa comunidade exclusiva no WhatsApp CardioUpdate. 

Cardiologia

Referências

  • Rached FH, Miname MH, Rocha VZ, Zimerman A, Cesena FHY, Sposito AC, et al. Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2025. Arq Bras Cardiol. 2025;122(9):e20250640. doi:10.36660/abc.20250640.
Med.IQ

Escrito por Med.IQ

Biografia

A primeira healthtech knowledge da América Latina. Conectamos, criamos e disseminamos conteúdo com o propósito de promover mudanças e fomentar novas possibilidades de futuro para médicos e pacientes. Viabilizamos soluções de educação, com informação, pesquisa, tecnologia médica e cursos para área da saúde.