Congresso ADA 2025 | Diabetes Tipo 2 e Comprometimento Cognitivo: Dados por Subgrupos Clínicos

Complicações cardiovasculares, renais e periféricas são amplamente conhecidas e discutidas no contexto do diabetes. No entanto, o comprometimento cognitivo vem sendo cada vez mais explorado como uma possível manifestação associada ao diabetes tipo 2 (DM2), especialmente em alguns subgrupos. 

A classificação dos subgrupos clínicos de DM2 considera características imunológicas, metabólicas e fenotípicas, e contribui para uma compreensão mais precisa da heterogeneidade da doença. Esses subtipos incluem: diabetes autoimune severa (DAIS), caracterizada pela presença de autoanticorpos e progressão para insulinodependência, semelhante ao diabetes tipo 1 de início tardio; diabetes severa por deficiência de insulina (DSDI), que se manifesta precocemente, com rápida deterioração da função das células beta, baixa adiposidade e necessidade precoce de insulinoterapia, mesmo na ausência de autoanticorpos; diabetes com resistência insulínica severa (DRIS), frequentemente associada à obesidade central, hipertrigliceridemia, HDL reduzido e síndrome metabólica; diabetes leve relacionada à obesidade (DLO), com obesidade mais branda, perfil metabólico menos agressivo e maior estabilidade glicêmica; e diabetes leve relacionada à idade (DLI), ou “diabetes do idoso”, geralmente de progressão lenta, com menor comprometimento metabólico e associação predominante com o envelhecimento. 

Durante a 85ª Sessão Científica da American Diabetes Association (ADA), diversas sessões abordaram a crescente evidência de que o risco de demência, incluindo doença de Alzheimer, pode ser maior em determinados subgrupos de pessoas com diabetes, especialmente aqueles com baixa reserva insulínica (DAIS e DSDI) ou pertencentes ao subgrupo DLI. Já o subtipo com resistência insulínica severa (DRIS) não demonstrou, nos estudos apresentados, associação estatisticamente significativa com todas as formas de demência — exceto em casos específicos de Alzheimer. 

Como perspectiva terapêutica, os agonistas do receptor de GLP-1, bem como as combinações com GIP, podem ser abordagens promissoras não só para o controle metabólico, mas também para a prevenção da demência em pacientes com DM2. Novos estudos sobre o tema devem ser divulgados ainda em 2025. 

Assista ao vídeo para conferir as reflexões do Dr. João Salles e as mais recentes evidências sobre essa importante — e ainda subestimada — complicação do diabetes.