CBOSM 2025: diretrizes atualizadas para o manejo farmacológico da obesidade

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) apresentou, durante a abertura do CBOSM 2025, a nova diretriz nacional para o tratamento farmacológico da obesidade.

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30 mai, 2025

Durante o CBOSM 2025, especialistas reforçam que a obesidade deve ser tratada como uma doença crônica, com abordagem clínica contínua e individualizada. As recomendações incluem novos critérios diagnósticos, definição de metas terapêuticas e orientações sobre o uso racional da farmacoterapia.

A obesidade deixou de ser considerada apenas um fator de risco. Cinco sociedades médicas brasileiras – Abeso, SBEM, SBCBM, SBC e SBEME – publicaram uma declaração conjunta reconhecendo oficialmente a obesidade como uma doença crônica, multifatorial, com impacto direto na saúde metabólica, cardiovascular, hepática e reprodutiva. O documento foi lançado durante a abertura do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM 2025), em Belo Horizonte.

As novas diretrizes reforçam que o tratamento medicamentoso não deve se limitar ao valor do IMC. Indivíduos com aumento da relação cintura/altura ou da circunferência abdominal, quando associados a complicações clínicas relacionadas à adiposidade, podem ser elegíveis para farmacoterapia mesmo com IMC abaixo de 30 kg/m².

Há também uma proposta de ampliação dos critérios diagnósticos para incluir pacientes com IMC ≥ 25 kg/m² que apresentem evidência de excesso de gordura corporal e pelo menos uma complicação metabólica associada, como hipertensão, dislipidemia ou resistência à insulina.

A meta terapêutica deve ir além da perda ponderal. O tratamento farmacológico busca reduzir o risco cardiometabólico, melhorar a qualidade de vida e, quando possível, induzir a remissão de comorbidades associadas à obesidade. Recomenda-se perda de peso de pelo menos 10% do peso corporal, sempre considerando o IMC inicial, histórico de peso e os objetivos individuais do paciente.

A diretriz também introduz dois conceitos importantes para avaliação de resposta terapêutica:

  • Obesidade controlada: perda ≥ 10% do peso máximo atingido (PMAV), em pacientes com IMC entre 30–39 kg/m², ou > 15% para IMC entre 40–50 kg/m².
  • Obesidade reduzida: perda entre 5–10% do PMAV (IMC 30–39 kg/m²) ou entre 10–15% (IMC 40–50 kg/m²).

As medicações atualmente disponíveis foram organizadas de acordo com sua eficácia, segurança e custo:

  • Alta eficácia: tirzepatida e semaglutida, com benefícios adicionais na redução de glicemia e pressão arterial. Custo elevado e efeitos adversos gastrointestinais.
  • Eficácia moderada: liraglutida e a combinação bupropiona + naltrexona, esta última também eficaz na cessação do tabagismo e etilismo.
  • Eficácia moderada e menor custo: sibutramina e orlistate, cada uma com perfil específico de efeitos adversos.

A associação de medicamentos pode ser uma estratégia válida, desde que respeitados os mecanismos de ação distintos. As diretrizes também reconhecem a possibilidade do uso de medicações off label, como topiramato e lisdexanfetamina, desde que sustentadas por evidências de alta qualidade, como ensaios clínicos randomizados ou metanálises.

Por fim, foi reforçada a não recomendação do uso de fórmulas manipuladas contendo diuréticos, hormônios ou fármacos em doses ou vias não validadas cientificamente, devido ao risco de eventos adversos e à falta de comprovação de eficácia.

A nova diretriz e a declaração das sociedades médicas consolidam uma mudança importante: a obesidade deve ser tratada como uma doença crônica, que exige avaliação contínua, tratamento prolongado e abordagem multiprofissional, sem estigmas ou simplificações.

Endocrinologia

Referências

  • 1- Abeso. XXI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica. Mesa redonda. A nova diretriz de tratamento farmacológico de obesidade. 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/DKQCo_0voQT/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==. Acesso em: 30/05/2025.
  • 2- O GLOBO. Yoneshigue B. Obesidade: nova diretriz orienta tratamento com remédios como Ozempic, Mounjaro e Wegovy; veja para quem. 2025. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/05/29/obesidade-nova-diretriz-orienta-tratamento-com-remedios-como-ozempic-mounjaro-e-wegovy-veja-para-quem.ghtml. Acesso em: 30 de maio de 2025.
  • 3- G1. Obesidade deixa de ser apenas fator de risco: 5 sociedades médicas propõem tratamento como doença crônica. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/05/30/obesidade-deixa-de-ser-apenas-fator-de-risco-5-sociedades-medicas-propoem-tratamento-como-doenca-cronica.ghtml. Acesso em: 30/05/2025.
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