Câncer gástrico perioperatório: Reflexões sobre FLOT, resposta patológica e o papel emergente da imunoterapia

Oncologia Brasil

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30 set, 2025

A discussão conduzida pelos Drs. Gustavo Fernandes, Vice-Presidente de Oncologia da Rede Américas e Felipe Morais, Oncologista Titular do Hospital 9 de Julho – DASA, trouxe reflexões relevantes sobre o manejo contemporâneo do câncer gástrico, especialmente no cenário perioperatório com FLOT.  Os especialistas destacaram a limitação da acurácia dos métodos de imagem — tomografia e endoscopia — na avaliação de resposta tumoral, considerando a complexidade anatômica e fisiológica do estômago. A observação de pacientes com doença aparentemente estável, mas com resposta patológica importante, como no caso de um YPT1a/ypN0, reforça a importância de uma abordagem clínica integrada e criteriosa, evitando decisões baseadas exclusivamente em imagem.  Um ponto de destaque foi a crítica à quimioterapia adjuvante “automática” com oito ciclos de FLOT, especialmente em pacientes sem resposta objetiva após os quatro primeiros. Dr. Gustavo salientou que, em casos de ausência de regressão tumoral evidente, a continuidade do FLOT pode representar toxicidade desnecessária sem benefício claro — uma punição ao paciente. A resposta cirúrgica à neoadjuvância surge, assim, como um marcador imperioso para definir a conduta subsequente, exigindo um diálogo estreito entre oncologistas, cirurgiões e patologistas. Foi reforçada a importância de informar o uso de neoadjuvância ao patologista, para uma avaliação adequada de regressão tumoral.  Outro eixo importante foi o impacto da imunoterapia no cenário perioperatório, com ênfase nos resultados positivos do estudo MATTERHORN. O ganho absoluto de 10% em sobrevida livre de eventos em dois anos com a adição de durvalumabe ao FLOT foi considerado expressivo, ainda mais em uma neoplasia com comportamento biológico tão agressivo. Embora os dados de sobrevida global ainda estejam pendentes, os debatedores reconheceram o avanço concreto em termos de curabilidade, mesmo diante da limitação do estudo em detalhar subgrupos moleculares que poderiam se beneficiar diferencialmente da estratégia.  Por fim, os especialistas discutiram nuances práticas da aplicação da imunoterapia nesse contexto: pacientes que iniciam com FLOT mas perdem o docetaxel por toxicidade ainda poderiam seguir com durvalumabe, ao contrário daqueles planejados inicialmente para FOLFOX, nos quais a associação com anti-PD-L1 ainda carece de respaldo. Para casos operados upfront com doença avançada (ex: T3N3), Dr. Felipe indicou que, embora o padrão seja platina com fluoropirimidina, FLOT com ou sem durvalumabe seria uma escolha razoável, se disponível. A conversa evidenciou, acima de tudo, a importância do raciocínio clínico individualizado, do julgamento multidisciplinar e da incorporação criteriosa da inovação terapêutica. Acesse o vídeo completo!  


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