Agomelatina: inovação na interface entre farmacologia e cronobiologia

Durante o Masterclass Psiquiatria 2025, especialistas discutiram os avanços no uso da agomelatina. A partir dessas aulas, destacamos os principais pontos sobre seu perfil clínico e farmacológico.

A agomelatina representa um avanço na psicofarmacologia ao integrar conceitos de farmacologia e cronobiologia no manejo de transtornos psiquiátricos. Diferentemente dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), a molécula apresenta um perfil de ação único, atuando como agonista dos receptores melatoninérgicos MT1 e MT2 e antagonista do receptor serotoninérgico 5‑HT2C. Essa combinação promove regulação do ritmo circadiano por meio da modulação de genes relacionados ao “relógio biológico” (CLOCK, BMAL1, PER, CRY) e favorece a liberação indireta de dopamina e noradrenalina em áreas corticais, impactando de forma positiva humor, energia e motivação.

Indicações clínicas

Atualmente, a agomelatina é aprovada para: (i) transtorno depressivo maior (TDM) em adultos; e (ii) transtorno de ansiedade generalizada (TAG), com registro também no Brasil. Na prática clínica, demonstra utilidade especial em casos com sintomas de anedonia, distúrbios do sono (insônia de início tardio ou atraso de fase) e ansiedade difusa.

Posologia

A dose usual é de 25 mg à noite, podendo ser aumentada para 50 mg conforme resposta clínica. Doses superiores não mostraram benefício adicional em estudos.

Segurança e monitoramento

O principal ponto de atenção é o risco de elevação de enzimas hepáticas (TGO/TGP), recomendando‑se monitoramento basal e em 3, 6, 12 e 24 semanas de tratamento. A hepatotoxicidade clinicamente relevante é incomum, mas exige vigilância. Os eventos adversos mais frequentes incluem cefaleia, sonolência leve e, em alguns casos, insônia paradoxal.

Considerações finais

A agomelatina se destaca por alinhar eficácia antidepressiva e ansiolítica ao restabelecimento do ritmo circadiano, aspecto frequentemente negligenciado na psiquiatria. Representa, portanto, uma alternativa terapêutica diferenciada e promissora dentro da prática clínica.

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